A psicóloga Maria Cristina Capobianco explica as diversas situações de um término e como lidar com cada uma delas.
O fim de uma relação é um momento muito delicado que exige cuidados pois freqüentemente envolve tristeza e sofrimento. Para alguns este sofrimento se deve ao sentimento de perda de
um ser muito significativo e para outros esta perda representa um
alivio. Quando a relação em si é conflitiva, por vezes sentida como
destrutiva a separação significa uma libertação deste sofrimento.
Neste sentido o término de uma relação precisa ser visto como um momento de um processo, que precisa ser delicadamente cuidado;
exige reflexão e análise para que possa acontecer a partir dela uma
transformação, uma renovação das pessoas, explica a psicóloga Maria
Cristina Capobianco.
É comum perceber que algumas pessoas, imediatamente após a separação mergulham em outros relacionamentos ou no trabalho
ou na academia, como forma de amenizar a dor, o vazio. Outras caem em
um desânimo profundo, a vida perde o sentido e sentir só torna-se
insuportável. Especialmente na adolescência, período de grande
vulnerabilidade e impulsividade, as tentativas de suicídio são
freqüentes.
A psicóloga alerta que essa vontade de querer fazer tudo ao
mesmo tempo para esquecer o ex, nem sempre é bom. Cristina explica que
no primeiro caso, o alivio da sensação
de peso que o relacionamento despertava faz a pessoa pensar que ter
“descartado” a relação foi uma atitude mais saudável. Em muitos casos, a
separação é necessária e aponta para a ampliação dos modos de viver a
vida. Porém, se a pessoa não tenta compreender como foi entrando e
permanecendo numa relação que se tornou destrutiva, ela poderá
eventualmente continuar escolhendo este tipo de relação e repeti-la com
outras pessoas. Aparecem em muitos casos outras “dependências”, de
álcool, do trabalho, da tirania da imagem de um corpo esbelto, potente.
As pessoas, que pelo contrário, passam por períodos de sofrimento
profundo, depressão, tristeza, também precisam de cuidados intensos,
ressalta a terapeuta. Provavelmente esta pessoa se sente abandonada, sua
autoestima despenca e perde a confiança no seu potencial e desejo de
seguir vivendo. Nestes casos, o que houve provavelmente foi que a
relação era o que denominamos de um tipo “simbiótico”; similar aquela
que acontece entre uma mãe e um bebé recém nascido. O bebê não tem
recursos próprios para sobre viver, ele não discrimina quem é quem, mãe e
bebé se fundem numa única pessoa. Quando pessoas adultas mantêm este
tipo de relação, na qual existe uma indiscriminação intensa entre quem é
quem, quando acontece a separação, ela é vivida como se se perdesse uma
parte de si próprio ao se desligar do outro. A pessoa se confundiu
tanto com seu parceiro, que ao se separar dele, perde seus próprios
recursos e sente-se um bebê sem a proteção da mãe.
Após a separação, o período de luto pela perda do ser amado varia e é
comum chegar a nove, dez ou doze meses. É importante ter paciência e
não tentar acelerar o processo. As pessoas têm o costume de olhar de
maneira negativa para as experiências de sofrimento.
Porém é fundamental respeitar o ritmo que cada um precisa para
elaborar este momento e poder se abrir para novas experiências. Homens e
mulheres variam muito na sua forma de vivenciar este momento. “Os
homens sofrem sozinhos; enquanto as mulheres se apóiam uma nas outras,
eles, por razões culturais, se fazem de durões”, observa a psicóloga
Maria Cristina Capobianco.
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